A VISIBILIDADE TRANS E UM PAPO PARA TODES!

Por Poliana Hérica
31.01.2023

 

29 de Janeiro é considerado o Dia Nacional da Visibilidade Trans no Brasil. Celebrado desde o ano de 2004, após um grupo de militantes transgêneres irem ao Congresso Nacional manifestando-se à favor dos direitos da população trans, através da Campanha "Travesti e Respeito", que sem sombra de dúvidas arrisco dizer que é um dos maiores atos políticos de afirmação sobre as diversidades de gênero na história do país. Com caráter nacional, a campanha tinha como organizadores lideranças dos movimentos sobre direitos humanos de pessoas trans da sociedade civil e instituições públicas como o Ministério da Saúde através do Programa Nacional de IST e Aids, que visava garantir uma política pública de saúde de qualidade para parte da população trans que vive em situação de marginalidade e condicionada à sobreviver através da comercialização dos seus corpos. 

Faz-se necessário compreender que esse dia é marcado por uma luta legítima e que objetiva garantir direitos básicos para a existência dessas vidas em nossa sociedade, pois além dos processos de exclusão desses corpos das instituições públicas e privadas de saúde, educação, dos programas de moradias, do mercado de trabalho (restando apenas a prostituição como alternativa de sobrevivência), existe um clamor pela vidas dessas pessoas. O Brasil foi considerado em 2022 (dois mil e vinte e dois), pela 14 (décima quarta vez) o país recordista em mortes de pessoas trans no mundo, ocupando assim o 1° (primeiro) lugar no ranking com maior número de assassinatos dessa população e isso sem falar nas mortes de pessoas que são suicidadas, por conta do sufocamento causado por um sistema cisgênero, hetoronormativo, hegemônicamente branco.

A luta de pessoas trans, travestis e não-binârias é diária e existente mesmo antes do dia 29 de Janeiro de 2004, para isso deixo 3 conquistas desse movimento para que você possa ficar por dentro de um pouquinho dessa trajetória, te motivar a saber/estudar mais sobre essa caminha e assim, você se torne um aliado nessa luta:

  1. 2006 - Inclusão do nome social no Sistema Único de Saúde (SUS);
  2. 2018 - Retificação de nome e gêneros desburocratizada;
  3. 2022 - Mulheres Trans e Travestis são incluídas na Lei Maria da Penha.

Reafirmo, as conquistas supracitadas acima são para que você visualize e passe a ser um(a) colaborador(a) dessas pautas (sem o protagonismo, claro), e não para que você diga "conquistaram bastante coisas, tá tudo bem!". Pois não, as coisas não estão tão bem assim, tem muita coisa para ser conquistada, como a possibilidade de existir sem saber se vai voltar pra casa, de poder escrever outras histórias sem dor, sem sofrimento e poder voar!

Precisamos desses corpos vivos!

 

Texto escrito por Poliana Hérica (APÊAGÁ)

Pioneira da cena poetry slam no estado do Ceará, APÊAGÁ é multiartista da palavra, onde constrói-se poeta, escritora, produtora cultural literária e criadora de conteúdo para a internet. Recém radicada em São Paulo, compõe a coletiva Slam das Minas SP. É autora do livro “Me faço tempestade para não caber em redemoinho”, 2021.

 


Poliana Hérica

Por Poliana Hérica

Analista de Comunicação do Instituto Usina dos Atos.

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