Bom, pensei em ser moderna e começar o meu primeiro texto por aqui falando da nova cena musical e da infinita variedade de sons. Mas, o que seria do novo se não fosse o velho, não é mesmo?! Se as memórias de nossa cultura brasileira fossem apagadas, certamente seríamos mais precários, porque foi através do que foi feito lá atrás que desenvolvemos novas técnicas e ferramentas. Enfim, nos aprimoramos.
Foram com os experimentos caseiros de Itamar Assumpção, por exemplo, que hoje “n” músicos produzem seus próprios discos com qualidades incomparáveis. Ou acham que tudo começou do zero? Como dizia o velho e sabido Abelardo Barbosa (Chacrinha): “Na vida nada se cria, tudo se copia”. E eu acresceria: “se transforma”.
Digo mais: que tipo de liberdade teríamos na música e na atitude se não fôssemos antecipados pelos tropicalistas? Sim, porque colocar uns roqueiros (refiro-me aos Mutantes) em pleno festival de TV, quando as guitarras eram odiadas por bossanovistas e tradicionalistas de plantão, mudou muita coisa. Foi um marco e, ao mesmo tempo, uma grande porta de acesso para os artistas que vieram depois. A afronta deixava o seu recado: vamos, sim, fazer música brasileira com um instrumento utilizado pelos americanos: a guitarra.
Mas, o Tropicalismo era mais do que isso: era a junção de elementos brasileiríssimos com elementos que bombavam lá fora e, por isso, foi um movimento de ruptura, que expandiu para o cinema, teatro e artes plásticas. Inclusive, o nome tropicalismo se deu a partir de uma obra do pintor Hélio Oiticica.
O que quero dizer neste nosso primeiro contato, através do Tropicalismo, é que vale a pena olhar com mais atenção para o ontem. Na verdade, isso é fundamental para podermos entender a música atual. Só lá podemos encontrar respostas sobre por que artistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil e tantos outros não foram enterrados junto com o passado. Além disso, se a música atual é o que é hoje, foi graças às influências do que fizeram os velhos artistas.
Bom, esse é o meu olá aos usineiros. E gostaria de deixar aqui, a indicação de duas leituras: “Tropicália - Um Caldeirão Cultural”, de Getúlio Marc Cord, e “Noites Tropicais”, de Nelson Motta. O primeiro considero como uma bíblia do movimento tropicalista, por explicar e citar vários envolvidos na causa. Já o segundo traz leitura mais leve e cheia de emoção. Sugiro que leiam nesta ordem e, paralelamente, assistam documentários sobre o tema para melhor compreensão.
Logo de cara, deixo o link de dois deles: “Uma Noite em 67”:
http://www.youtube.com/watch?v=RISaNkPezDs
“Brasil, Brasil – Revolução Tropicália”:http://www.youtube.com/watch?v=5CCUm4PIsXw
Um beijo e até a próxima.
por ELÍS LUCAS