Candidaturas periféricas se destacam e ganham força para corrida eleitoral

Por Pietro Mariano
22.09.2020

 

Artistas, educadores e agentes culturais das periferias da cidade de São Paulo estão se articulando conjuntamente com vistas às eleições municipais deste ano. O movimento advém tanto da dificuldade encontrada por esses grupos para manter uma campanha, sobretudo com o impacto econômico que a pandemia do novo coronavírus trouxe, quanto pela proposta de tornar a Câmara representativa dos interesses que agregam. 

O mandato coletivo surge como uma opção concreta para grupos históricamente excluídos das decisões do legislativo imporem suas pautas e criarem políticas que atinjam os distritos mais distantes da cidade. Ainda que juridicamente essa modalidade não exista, na prática o que ocorre é um intenso debate em torno da candidatura, sobretudo pela representação de movimentos e coletivos periféricos que, sozinhos, não atingiriam grandes públicos. Deste modo, são construídas alianças entre grupos que vão desde o Capão Redondo até a São Miguel, conectando as diversas experiências de ocupar a periferia da cidade mais rica do país. 

 

Conheça abaixo as principais candidaturas:

 

Quilombo Periférico

Disputando uma vaga no legislativo pelo PSOL, o Quilombo Periférico é encabeçado pela ativista cultural e educadora Elaine Mineiro. Composto por membros de diversos distritos da cidade, o grupo tem como bandeira a garantia de direitos e a construção de uma cidade sem racismo. Débora Dias, também educadora e moradora da Sapopemba e Júlio César, babalorixá e assistente social, fecham o grupo da zona leste de São Paulo. Já no outro extremo temos Erik Oliveira, do Jardim Ibirapuera e Alex Barcellos, do Campo Limpo, ambos membros de coletivos e grupos culturais da região.

“A gente tem aquela máxima do candidato hétero branco que vai na quebrada pedir voto e some por 4 anos. A gente tem nosso projeto de vida, as pautas de vida que a gente reivindica”, aponta Erick Ovelha em entrevista para o portal Periferias em Movimento.

 

 Crédito Imagem: Rosa Caldeira

 

 

Bancada Feminista

“Você trabalha a potencialidade de agenda, de articulações que cada uma tem. Na prática, você tem quatro campanhas. Você tem mais gente se dedicando àquele projeto com afinco”, afirma Carina Vitral, ex-presidente da UNE e candidata à Alesp em 2018 pelo PCdoB. Nesta eleição compõe a candidatura com a professora Camilla Lima, militante e m

oradora do Capão Redondo, Claudia Rodrigues, presidente da União Brasileira de Mulheres no município e Nayara Souza, ex-presidente da União Estadual dos Estudantes. Visando ampliar a participação ainda muito restrita das mulheres nas decisões da Câmara, que na última eleição cresceu mas não chega a ¼ dos vereadores, a Bancada Feminista aposta na experiência política das candidatas e no voto da juventude para ocupar seu posto no Palácio Anchieta.

 

  Crédito Imagem: Divulgação Karla Boughoff

 

A periferia é o centro

Vindo da bem-sucedida experiência da Bancada Ativista na Alesp – projeto que capitaneou o modelo de mandatos coletivos nas eleições de 2018 e mostrou a força que candidaturas de base podem ter com ele – Jesus dos Santos, morador da zona norte, lança-se agora como vereador pelo PDT juntamente a outros 12 companheiros de luta das periferias da cidade.  “A oportunidade que eu tive, em 2018, de fazer parte de um mandato coletivo me colocou em um lugar que, para outras pessoas chegarem, também vai precisar ser mandato coletivo”, lembra Santos em entrevista ao UOL.

 

 Crédito Imagem: Divulgação

 

 

Fontes: UOL, Folha de São Paulo, Periferias em Movimento.


Pietro Mariano

Por Pietro Mariano

Formado em Filosofia e estudante de Letras, desenvolve atividades de pesquisa sobre Direitos Humanos no Brasil junto à Unifesp

Pesquise sobre o assunto desejado no Portal Usina dos Atos!