No CEU Inácio Monteiro, o Projeto 1ª CENA encerra a sua 5ª turma no dia 01 de outubro. Durante as oficinas os jovens discutiram o tema central “Etnocentrismo” e a partir das reflexões, propuseram o recorte de como os ambientes de trabalho estão cheios de sexismo e racismo, questionando também a ideia de meritocracia e o capitalismo, dentro da linguagem teatral. Esses temas foram sugeridos pelos próprios educandos ao longo dos encontros, em um processo desafiador e repleto de grandes descobertas, inclusive para a equipe pedagógica.
Segundo os educadores, a turma é bem heterogênea. Vivências bem diferentes, como, por exemplo, educandos que já haviam tido contato com arte e produção, enquanto outros nem tanto. As opiniões também bem divididas, com jovens que se mostravam empoderados e outros que precisavam aflorar esse lado. Durante as rodas de conversas foi possível conhecer a trajetória e as particularidades de cada um deles, isso ajudou os educadores a descobrirem os caminhos para ouvirem e serem ouvidos. Abordar assuntos atuais, porém ainda ‘tabus’ para muitas famílias, é instigante, e ao mesmo tempo revelador.
Mesmo com todas as diferenças de idade, costumes ou objetivos, foi possível desenvolver um trabalho de maneira coletiva e intensa. Veja agora as opiniões das educadoras sobre o desenvolvimento da turma:
“Ao longo do projeto pude perceber a entrega de cada um para com a nossa proposta e isso fortaleceu o grupo, no qual criou-se uma conexão e um carinho não só entre eles, mas também entre nós educadores. Cada passo foi dado com sua devida calma para chegarmos até aqui”, comenta Mabel Coelho.
“A equipe pensou em estratégias para nivelar essas diferenças e conseguimos caminhar para um desenvolvimento produtivo. Os ganhos foram totais dos alunos que colocaram as suas ideias no papel e, depois, futuramente, em um espetáculo. O sentimento que ficou é de gratidão e realização. Eu me vejo como uma mediadora de conhecimento, ver a evolução e a expressão de cada um é muito gratificante. As sementes germinaram e além disso estão dando frutos”, descreve Amanda Turano.
“É uma geração que quer saber mais, principalmente no processo artístico. Dar esse momento de reflexão, ocupar os espaços, o discurso com contundência, trazer a realidade deles e falar sobre essa vivência é um espaço de construção, uma forma de fomentar a comunidade. As pessoas devem construir juntas, desenvolver o olhar que todos somos nossos pares”, aborda Jennifer Souza.
“Muitas discordâncias e tensão latente. Configuração que muitas vezes não permitiam o desenvolvimento, pleno, do potencial crítico e artístico. O trabalho foi intenso até o último momento. Muito em razão de se trabalhar algo grandioso, em poucas pessoas, mas que no final revelou uma enorme potência criativa, crítica e poética. Acredito que saímos todos cheios de novas ideias, vontades e com um grupo que pode alçar vôos altos em várias linguagens artísticas diferentes, acredita Karen Nunes.
“Foi a minha primeira experiência. E no início é colocado muitas prerrogativas e expectativas. Porém, no meio do caminho, muitos alunos nos deixaram e foi nesse momento que nós tivemos um reconhecimento da parte deles. A partir daí eles começaram a se entenderem como grupo. Os desafios foram enfrentados mutuamente e eles atingiram o processo de desconstrução e construção. Acompanhar essa evolução me deu a oportunidade de me reinventar. Uma experiência revolucionária na minha vida”, conta Melissa Rocha.
“O processo foi bem intenso, em todos os apectos: desenvolvimento, humanamente... Trabalho corporificado durante os encontros. A importância principal é trazer tudo isso para eles, trabalhar essas questões individuais e o coletivo e mostrar para o público esse desenvolvimento. Fazer parte dessa construção é arrebatador, oportunidade única, senão rara. A cada ensaio era um momento tocante”, expressa Patrícia Neves.
Quer saber mais? Conhecer o projeto? Assistir ao espetáculo ‘Temporário’, e ver de perto essa transformação e como ficou o conteúdo final? Programa-se!
Veja a agenda:
Local: CEU Inácio Monteiro
Endereço: Rua: Barão Barroso do Amazonas,
Datas: 24/09 e 01/10 - domingo.
Horário: 16h às 17h30
Entrada: Gratuita
O Coletivo AGÔ Performances Negras apresenta: "Banzo"
